Folclore BR: Sacy

Há muito tempo atrás, um jovem nativo presenciou um espontâneo nascimento de uma arvore no interior de uma caverna no centro de uma densa floresta onde ele nunca havia estado. Com o tempo, era bem fácil perceber que esta seria uma árvore muito diferente das outras.

Ela atingiu seu crescimento máximo muito rapidamente em alguns dias, suas folhas brilhavam como vagalumes, seus galhos eram cada vez maiores e chegavam a cobrir toda a caverna deixando-a quase sem saída. A caverna era gigantesca e toda decorada por milhares de galhos que com suas folhas luminosas deixavam o ambiente com um tom ameno, nem tão escuro quanto à noite nem claro como o dia.

O nativo visitou esta árvore regularmente durante toda sua vida e seu filho era o único que sabia da existência dela, pois ele o levava consigo sempre nestas visitas.

Quando chegou a uma idade avançada, o nativo foi junto do seu filho para uma última visita. O lugar era muito distante da aldeia e ele já não tinha mais a longevidade para percorrer por este percurso. Neste dia, quando estavam chegando a caverna, uma forte e repentina tempestade rompeu sobre suas cabeças, ventos fortíssimos assoviavam e trovões gritavam forte em seus ouvidos.

Ao chegar à caverna perceberam que tudo estava escuro, as folhas não emitiam sua luz própria e tudo era só escuridão. O clima dentro da caverna já não era mais o mesmo, estava muito frio e uma grande tristeza tomava os seus corações. Eles não poderiam mais sair em meio a terrível tempestade que caíra e mesmo se quisessem a caverna agora estava estranhamente obstruída pelos galhos, como se eles tivessem se movido e não permitissem sua retirada do local.

Vozes estranhas sussurravam por todos os cantos e eles não conseguiam enxergar um palmo a sua frente. O idoso pede calma ao seu filho e diz :

-Ela está com medo…

-Quem? –Pergunta o rapaz.

-Ela – O  senhor apontada para uma luz esverdeada que começa a emanar do centro da gigantesca árvore.

Eles então são atraídos a se aproximar para assim entender o que estava acontecendo. Do centro da árvore saem dezenas de sementes gigantes e estas se abrem deixando sair, em meio a uma seiva luminosa, pequenas criaturas retorcidas que aos poucos tomavam forma num espetáculo de dança assustador e sincronizado.

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Os dois estavam boquiabertos, enquanto uma das criaturas se aproximava. Eles tentavam se comunicar conduzindo suas mentes a entender o que sentiam. Falavam sem emitir som. Sentiam que esses seres se comunicavam diretamente com os seus corações.

– Estamos no ninho da Mãe de todos…  –Diz o senhor enquanto as  folhas da árvore voltam a emitir seu brilho suave e o clima retoma seu ar aconchegante.

Dizem que estas criaturas percorriam livremente por todas as densas florestas do mundo, mas é cada vez mais raro se deparar com estas que (depois do telefone sem fio da história) hoje são chamadas de Sacy.

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Obs: Lembrando que essa é uma adaptação livre do “Saci-Perêre”, lenda conhecida de muitas partes do Brasil e não possui nenhuma relação com seu conto originário. 

Valeu e até 😉

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