Folclore BR: Cuca

No meio de uma cidade bastante movimentada existe um rio muito denso de aguas poluídas. Em cima desse rio há uma passarela por onde Alice sempre anda de bicicleta junto de um amigo, o Juninho, dois jovens com por volta de 10 anos de idade.

Eles gostavam de passar por essa passarela para parar e observar o rio de vez enquanto, uma vez que o pai do Juninho o havia dito que haviam jacarés por ali e Alice sempre ficou muito curiosa para descobrir se realmente era possível ter jacarés no meio da cidade. Ele achava ser uma historinha boba do seu pai, ela acreditava piamente na história.

O pai de Juninho contava que eles nunca poderiam estar por aquelas bandas da passarela quando anoitecia, pois quando o crepúsculo chegava era a hora dos jacarés aparecerem e, logo, a mãe deles estaria por perto e ninguém iria querer ela por perto. Assim, sempre que a noite estava para chegar eles voltavam pra casa sem ter visto nada, mas Alice sempre tinha esperança de encontrar pelo menos um jacaré adiantado… mas ele nunca veio.

Um dia Alice decidiu enfrentar a noite, levou na mochila biscoitos, lençol, lanterna, uma câmera, coragem e a persistência de passar o dia inteiro tentando convencer o Juninho a ficar também.

– Hoje nós veremos os jacarés, eu juro! – Disse ela.

– Como você pode jurar isso? Você nem sabe! Aqui é perigoso, temos que ir.

-Mas você não fica curioso em saber como é?

– Não, tenho amor a minha vida!

-Estamos em cima da passarela! Jacaré não voa! Nem tem como eles chegarem aqui.

-O problema não são os jacarés. É a mãe deles. E se ela não me pegar o meu pai vai e vai me matar bem matado! –Disse Juninho sussurrando.

O pai dele havia contado pouco sobre a mãe dos Jacarés, disse que era melhor ele não saber para não criar uma imagem dela na mente e ter pesadelos. Mas, alguns dias, atrás ele ouviu uma conversa dos pais sobre isso:

-Que história é essa de “Mãe dos jacarés”? – Indagou a mãe de Júnior.

-É só um conto bobo que meu pai me contava, mas ele levava tão a sério que me assustava de verdade. Ele morreu jurando que era real e queria vender essa casa e tudo, dizendo que esse local era impuro e bla,bla,bla…

-Aaah sei dessa história… da tal bruxa… tipo a Cuca do Sitio do Pica-Pau Amarelo… hahahaha seu pai era doido mesmo…

-Siiim… tipo isso, mas ele dizia que essa Cuca era baseada nessa velha.

-Como ele descrevia ela? Era tipo um jacaré gigante mesmo? –Dizia a mãe em tons de ironia enquanto o menino ficava na porta do quarto dele ouvindo a conversa dos pais que estavam na sala.

-Não, não… era uma espécie de feiticeira indígena que vive por essas terras desde que isso aqui era um pântano e muito antes do Brasil ser descoberto. Uma velha com uma aparência estranha que tinhas vários jacarés de estimação e chamava eles fazendo um som como se tivesse estalando a língua com o céu da boca, sabe?

-Sei… que louco… quantos detalhes, né? – Disse a mãe rindo.

-É.

Voltando a passarela, a noite caiu e Juninho decidiu não deixar sua amiga sozinha nessa missão louca. A passarela que era mal iluminada teve todas suas luzes apagadas quando ouviram o som de 3 estalos que provocaram calafrios imediatos nas crianças.

As aguas se movimentavam mais do que o normal, era certo que havia algo no meio da densa mata que cobria o rio.

-Tem algo ali! –Sussurrava Alice, empolgada. – Vamos descer!

-Você tá doida! Nem pensar – disse Júnior igualmente sussurrante.

Estava escuro, o local as margens do rio só eram iluminadas pelas luzes um pouco distantes de uma avenida que existe próximo dali. Parecia que o lugar estava escuro propositalmente.

Alice e Juninho firmaram a beira do rio no meio de umas matas altas e dali conseguiram avistar o primeiro jacaré. Exatamente num piscar de olhos, vários outros emergiram da agua podre bem a frente deles… olhando diretamente para eles. Neste momento, vários olhos brilhantes olhavam para eles praticamente imóveis.

As crianças estavam gélidas e paralisadas de medo. Não conseguiam emitir uma palavra no momento em uma voz sussurrou bem ao lado da orelha deles pela parte da nuca, dizendo:

-Eu estava esperando por vocês… há tanto tempo… –Seguido por algo que soava como uma risada sombria de boca fechada… e um breu total.
As crianças jamais foram encontradas.

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Obs: Lembrando que essa é uma adaptação livre de “Cuca” , lenda conhecida de muitas partes do Brasil e não possui nenhuma relação com seu conto originário.

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