Sinopse:
“Yawara é um menino que seria o próximo na linha de sucessão como líder da sua grande família. Eles são descendentes do povo indígena Araúna e procuram manter todas as suas tradições vivas, mas, ao mesmo tempo, se atualizam aos novos paradigmas sociais.
Algumas vezes em seus sonhos, Yawara consegue conversar com a entidade Naiá, também conhecida como a estrela das águas (Vitória-régia), e confessa a ela que se sente como uma menina presa em um corpo de menino e por isso não poderia liderar sua família tradicionalista. Naiá lhe diz que isso não deveria impedi-la de ser quem ela é e que o melhor seria assumir o seu grandioso destino.
Ao contar a sua mãe sobre suas vontades, seu pai ouve e surge dizendo: “Você é uma abominação! Saia daqui! Você não merece fazer parte deste povo e muito menos me suceder!” e ameaça ataca-la. Confusa, a menina corre e no caminho se acidenta escorregando e caindo no rio, onde bate em uma pedra e é levada por uma forte correnteza.
Ela acorda no fundo do rio podendo respirar e se percebe diferente. Acolhida por estranhos homens-peixe que vivem no fundo do rio, foi levada para um grande palácio que fica em um lençol freático no subterrâneo da cidade onde vive.
Neste lugar, Yara, como prefere ser chamada agora, foi recebida como uma princesa, possui uma nova forma e permanece junta dos seres místicos das águas por algum tempo. Ao saber que seu pai inaugurou uma empresa que está poluindo os rios, resolve retornar para sua cidade decidida a tomar o seu lugar, destruir a empresa e levar novos paradigmas para sua família.
Junto do emotivo Piraya, um peixe piranha vegetariano, Yara parte na mais importante jornada da sua vida em busca de reconhecimento, defesa da natureza e, paralelo a isso, tentará entender o mistério que envolve sua transformação neste ser místico cheio de habilidades.”
Concepção da ilustra
Continuando a série “Foclore BR apresenta”, mergulhei junto do clássico “A pequena sereia”, animação de 1989, para dar vida a uma baita repaginação da lenda da sereia Yara.
Comecei a ilustra me baseando no conceito que já tinha sobre esta lenda (revelando de quem é o olho símbolo do projeto Folclore BR) e decidi incrementar com outros elementos poucos convencionais, já que a lenda possui muitas versões por conta de ser uma mistura das das sereias europeias com algumas histórias regionais comuns na maior parte dos estados cortados por grandes rios. Inclusive numa destas histórias a Yara poderia ter sido derivada de Ipupiara, que contavam ser (pasme) um “homem-peixe” que vivia a beira dos rios atraindo pessoas para devorá-las.
Bem, essas informações foram o suficiente para que eu pensasse em trazer um personagem trans e abrilhantar esse projeto com um pouco mais de representatividade e trazer uma discussão (mesmo que de maneira mais leve) sobre questões de identidade de gênero para crianças. Além de criar um paralelo para representar a trajetória das mudanças que uma mulher trans passa durante a vida através de diversos símbolos, pensei que também seria uma boa forma para discutir diferentes questões como exclusão social indígena e relação de grandes empresas com a natureza.
Quanto aos demais elementos, coloquei o peixe piranha inspirado na espécie Piraya para ser o ser mascote. Na Yara, procurei adicionar esponjas e musgos ao que seria o “cabelo” da Yara e a calda seria como a de um peixe beta e como ela estaria batendo as pernas daria essa impressão de que seria uma calda só (pois elas estão indo em lados opostos). Yawara significa “cachorro” e Araúna (a tribo fictícia) significa “ave preta” em Tupi Guarani.
Fica aí mais um exercício de “E se…”
A ideia principal do projeto “Folclore BR: Uma nova visão” é inspirar e regar a plantinha do pensamento para quem sabe fazer florescer uma vontade de criar alguma obra inspirada na nossa rica cultura.
Todos os argumentos desse projeto são reais e também estão em desenvolvimento para alguma adaptação, mas por enquanto é só o que posso dizer… aguardem por atualizações 😉
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