Folclore e Futurismo
Todo ano preparo uma série de ilustrações para divulgar o evento Somando Visões sempre pensando em perspectivas novas entorno do folclore nacional, mas desta vez decidi reunir alguns amigos para que cada um pudesse trazer a sua própria visão para esse mini trabalho colaborativo. Neste ano o tema é “folclore e futurismo”, serão 4 pôsteres postados durante as quatro semanas de evento e espero que vocês apreciem a proposta.
IARA, por Mikael Quites: “Escolhi a Iara para representar a Amazônia pela ligação da personagem com os povos, a maternidade, a água, o fluido, a vida, simbolizando o que há de mais ameaçado hoje em dia na região. Procurei mesclar cores e estética futurista e que remetessem aos anos 80 para guiar essa peça. Coloquei elementos que evidenciassem o contraste atual da Amazônia, como a cidade tecnológica no fundo e a floresta e rio na frente, em mais destaque, pois ela é mais essencial do que a outra. A “cachoeira” que sai da boca da Iara pode representar uma infinidade de assuntos, indo desde o genocídio da Amazônia até o que flui do presente para o futuro.”
DANÇA DOS FACÕES, por Vitor Wiedergrün: “A dança é típica do sul do Brasil, tradicionalmente apresentada por pares ou por grupos de pessoas, que executam movimentos com dois facões, um em cada mão. A dança é tradicionalmente executada por homens, mas encontrei uns vídeos na net onde a apresentação é realizada por mulheres.
Dá para encontrar mais informações na net ou no livro “Tropeirismo Biriva, história canto e dança” do autor Cristiano Silva Barbosa.
É importante deixar bem claro que fiz várias alterações (tentando imaginar em um futuro cyberpunk) nas vestimentas, na dança e na ambientação. A ideia não era acabar com a tradição, mas sim passar a ideia de que as vezes pode mudar algumas coisas com o passar dos anos. Assim, coloquei uns robôs dançando para passar mais precisão na execução.”
BATE-BOLA, por Anderson Awvas: “Bate-bola, ou Clóvis (derivado de “clown”, “palhaço” em inglês), é uma manifestação folclórica bastante corriqueira do Carnaval carioca, vinda mais especificamente do subúrbio, onde pessoas se fantasiam de palhaços mascarados, cheios de adereços e desfilam pela cidade em grupos. A tradição foi trazida pelos colonizadores portugueses influenciada também pela folia de reis. Lembro que quando pequeno eu tinha medo dos Bate-bolas. Algumas máscaras são realmente assustadoras e combinada a uma roupa gigante e uma bola de plástico fazendo barulho… é bem comum assustar as crianças mesmo rsrsrs.
Para a ilustra pensei em trazer uma espécie de hoverwheel flutuante, uma vestimenta bem “nave da Xuxa” e uma máscara holográfica. Além de que foi interessante refletir sobre como personagens mascarados não precisam ter um gênero definido”
CAVALHADAS, por Lorena Herrero: “Os Mascarados são praticamente os mascotes da cidade de Pirenópolis-GO. Aparecem sempre durante as Cavalhadas, uma celebração tradicional de origem portuguesa e que já acontece na cidade goiana desde 1826. Ninguém sabe ao certo como os mascarados surgiram no meio disso, mas a teoria favorita dos moradores da cidade é a de que eles foram criados como forma de a população comum participar da celebração, que era muito focada em um grupo seleto de pessoas que interpretavam cavaleiros cristãos e mouros. Verdade ou mentira, a certeza que temos é que eles sempre vão estar na festa, fazendo algazarra, pedindo dinheiro e uma cachacinha.
Uma coisa que me chamou atenção de primeira nos mascarados de Pirenópolis são as tradicionais máscaras de boi, com chifres enormes e completamente enfeitados. Muita gente capricha mesmo, e tem até competições pra eleger o mascarado mais bonito.
Pra ambientar eles num contexto futurista, pensei direto nas obras do Josan Gonzales, com muitos cabos e cores fortes. Coloquei enfeites holográficos nos chifres do mascarado um espaço no centro onde ele poderia colocar mais imagens. Os símbolos em cada mão são os usados pra cada um dos “times” da festa: a cruz para os cristãos e a lua para os mouros.”