Procurando Sacy

ARGUMENTO:

“Desde muito pequeno, o jovem Ubiratã sempre ouvia seu pai lhe contar histórias da época em que ele caçava sacis quando era criança. Contava que saía com seus amigos para caçar esses pequenos demônios arteiros que viviam pela floresta numa região próxima à casa de seu avô.

Munidos de potes de vidro, crucifixos e tochas, eles passavam horas buscando essas criaturas que dizia serem parecidos com negrinhos de uma perna só, usando gorros e que causavam várias confusões com pegadinhas e redemoinhos de vento que podiam provocar magicamente. Seu pai disse que eles conseguiam aprisionar vários em suas armadilhas, mas que sempre fugiam.

Ao fazer 10 anos, Ubi ganhou um pote de vidro antigo que seu pai lhe deu dizendo que era um dos potes que teve um saci capturado. O menino impressionado guardou o pote com orgulho e foi mostrar ao avô no fim de semana seguinte em sua grande casa que ficava um pouco afastada da cidade grande.

Após contar várias histórias, Ubirajara, seu avô, disse – Seu pai é um mentiroso! Não acredite em nada disso! Mas coloque uma coisa nessa cabeça, garoto: JAMAIS ENTRE NAQUELA FLORESTA SOZINHO!

Na madrugada do dia seguinte, ainda na casa do avô, Ubi ouviu a janela do seu quarto bater com o vento e junto da brisa que entrava ele ouviu um chamado, alguns longos assovios seguidos de um sussurro – Preciso de sua ajuda! – Ao chegar na janela viu dois pontos verdes brilhantes na mata que pareciam olhos, com medo, fechou a janela e voltou para a cama se cobrindo dos pés à cabeça.

Na madrugada seguinte o mesmo evento aconteceu, mas desta vez quando ele foi fechar a janela percebeu que os pontos brilhantes estavam no canto do quarto em uma altura um pouco mais alta que ele. Ubi congelou ao ouvir: – Tudo bem, sei que isso parece assustador, mas não pretendo machucar ninguém. Estou pedindo ajuda há algum tempo e você foi o único que conseguiu ouvir e me ver– A criatura com uma aparência de um menino-árvore, tinha uma perna só e possuía uma folha na cabeça que lembrava um gorro – Você é um Saci? – Perguntou Ubi. – É como vocês costumam a nos chamar… desculpe decepcionar, sei que estou bem longe de ser um menino – Disse o Sacy.

Yateré, o Sacy, teve toda sua família sequestrada por uma criatura fantasmagórica, o pesadelo vivo, e precisa da ajuda de Ubi para salvá-los entrando em sua caverna assustadora que está cheia de Tamokós, criaturas encantadas mascaradas, e armadilhas invisíveis para seres como ele.

O menino decide confrontar seus medos e embarcar em uma viagem arriscada onde ele irá se desarmar de todos os seus preconceitos para ajudar o Sacy a encontrar sua família e se livrar da armadilha.

Amizade, respeito e empatia serão os combustíveis para essa aventura de arrepiar! ”

O argumento é só uma ideia para ser desenvolvida dentro do conceito do projeto. Então, este texto é um resumo e está sempre em atualização por aqui e quando esse conceito for trabalhado para alguma adaptação ele se modificará novamente para atender diversas dimensões da obra visando respeitar os estudos sobre folclore e suas implicações sociais.

Conceito e referências

Quarto pôster do “Folclore BR apresenta” e resolvi recriar o Saci num universo sombrio em que ele não tem nada de assustador. Mirei em “Procurando Nemo” (Pixar, 2003) com uma pitada de “O estranho mundo de Jack” (Skellington Productions, 1993).

Novamente me baseei em um conceito que eu já tinha pensado para uma nova visão do Saci dando ao personagem característica de um ser elemental da floresta ou um duende que se camufla facilmente entre as árvores como o bicho-pau. Levando em conta que existem lendas que dizem que ele nasceria de tronco de bambu ou seiva de uma árvore.

A ideia principal do argumento é sobre Ubi, o personagem central, que, pensando em capturar sacis, acabaria sendo “capturado” pela simpatia de um ser que não tem nada de maligno como dizem a maior parte dos contos atribuídos a ele. Junto disso, o garoto seria confrontado por todos os seus medos e preconceitos criados em sua cabeça graças as estórias que o pai lhe contava. A essência do argumento seria passar uma lição de empatia e respeito, convocando o espectador a entender a perspectiva do outro.

 

Tamokó” é um encantado do povo indígena Wayana que vivem no norte do Pará e fazem parte de uma festa que não celebram mais. A lenda fala um pouco de empatia e amizade entre potenciais rivais e estes seres são representados com mascaras como tradição até os dias atuais.

“Sacy” foi a primeira forma da escrita em Tupi antigo. “Y: fonema que não existe no português, mas existe no russo e no romeno. É uma vogal média, intermediária entre u e i, com a língua na posição para u e os lábios estendidos para i. (Sugestão prática: diga u e vá abrindo os lábios até chegar à posição em que você pronuncia i.)”(Fonte).

“Ubiratã” (nome do garoto) seria algo como “lança forte” e “Ubirajara” (nome do avô) significa “o senhor da lança”, ambos em Tupi-Guarani (achei interessante essa relação com a arma construída da árvore).

Saiba mais

A ideia principal do projeto “Folclore BR: Uma nova visão” é inspirar e regar a plantinha do pensamento para quem sabe fazer florescer uma vontade de criar alguma obra inspirada na nossa rica cultura.

Todos os argumentos desse projeto são reais e também estão em desenvolvimento para alguma adaptação, mas por enquanto é só o que posso dizer… aguardem por atualizações 😉

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