Anhangá

ARGUMENTO:

“Em um tempo muito remoto e em um lugar denominado posteriormente como Brasil…
No meio de uma densa floresta um grupo de caçadores encontraram um bebê, um menino muito diferente de todos que tinham visto, ele possuía a pele e pelos extremamente brancos. Mesmo desconfiados de estarem carregando algum ser encantado, algo lhes dizia para o levarem até a aldeia do seu povo, o Araúna*.

Por conta de sua aparência albina, Iwa, como passou a ser chamado, foi desprezado pela maior parte dos indígenas por causar estranheza e medo. Ele foi adotado por Ceuci, uma mulher muito respeitada pelo povo, que nunca pôde gerar filhos e o criou com muito amor. – Não é por conta de sua aparência incomum que ele deixa de ser um de nós – Dizia Ceuci.

Iwa possui a habilidade de se comunicar facilmente com os animais de todas as espécies, mas, alertado por sua mãe, ele nunca contou sobre isso para mais ninguém.

Certa vez, o menino encontrou um cervo branco, franzino e com os olhos vermelhos cintilantes vagando solitário pela floresta. Ao se aproximar, se apresentou e perguntou seu nome – Me chamam Anhangá – disse o animal que era bem maior que o habitual. O menino sentiu uma enorme conexão com ele, começaram a conversar e assim permaneceram o dia inteiro. Esse encontro secreto voltou a se repetir durante muitos dias até se tornarem grandes amigos.

Em uma noite muito fria, Iwa percebeu uma movimentação de caçadores correndo para a floresta – Hoje vamos acabar com esse espírito que assusta os outros! – Diziam. O jovem correu por um atalho para chegar em um enorme tronco de árvore onde ele sabia que Anhangá descansava. Ele chegou antes dos caçadores para alertar o cervo, mas em meio a escuridão foi flechado impiedosamente por aqueles que acreditavam encontrar apenas o estranho animal dentro do velho tronco. Perceberam o que fizeram e abandonam os dois na escuridão da noite.

Eles sempre estiveram sendo observados furtivamente por Caipora, um ser místico e habitante das matas densas que sempre esteve a apreciar a bela amizade do menino com o cervo, mas nesse dia chegou tarde demais ao local, encontrou-os muito fracos e os colocou do lado de fora do tronco.

Caipora usou sua magia para tentar trazê-los de volta sãos e curados, mas foi em vão. Em uma nova tentativa ofereceu uma semente dourada para a floresta em prol de que seu desejo fosse atendido e imediatamente milhares de vagalumes surgiram da escuridão iluminando da floresta e iniciando uma dança de movimentos circulares e ritmados ao redor deles. O céu se fechou, os vagalumes se dispersaram, o clarão de um relâmpago fez da noite um dia iluminado e, logo após isso, começou a chover.

Quando recuperou a visão Caipora viu o menino de pé – Quem é você? O que aconteceu? Onde está Anhangá? – Perguntava o jovem. O cervo havia desaparecido deixando apenas seus chifres para trás.

Após esse ritual, Iwa desenvolve outras habilidades e agora, além de falar com animais, ele também pode se transformar e ver com os olhos de qualquer um deles. Ele se assume responsável por defender as matas, passa a usar uma máscara com os chifres brancos e adota o nome de Anhangá. Caipora se une a causa dele trazendo de volta a vida todos os animais mortos que eles encontram e juntos fazem disso quase uma brincadeira.

Em consequência de seus atos, as aldeias próximas passam a ter escassez de alimentos e os animais revividos começam a apresentar comportamentos estranhos.

Na última vez em que foram ressuscitar um animal, ele foi envolvido rapidamente por raízes, terra e folha até tomar a forma de um ovo gigante e de lá sair Gorjala, um espírito selvagem que tomou a forma de um tipo de macaco colossal e iniciou o caos por toda a floresta.

Anhangá e Caipora reúnem um exército de Chibambas, criaturas encantadas dançarinas enigmáticas, para tentar resolver e entender todo o distúrbio que causaram no ciclo natural das coisas.

Uma aventura épica sobre o ciclo da vida e o amor incondicional.”

*O povo indígena Araúna não existe e faria parte do aspecto ficcional do argumento para a história.

O argumento é só uma ideia para ser desenvolvida dentro do conceito do projeto. Então, este texto é um resumo e está sempre em atualização por aqui e quando esse conceito for trabalhado para alguma adaptação ele se modificará novamente para atender diversas dimensões da obra visando respeitar os estudos sobre folclore e suas implicações sociais.

Conceito e referências

Para esse quinto pôster/conceito/argumento trouxe a ideia de um novo Anhangá adaptado em um pôster de “Valente” (Brave, Disney Pixar, 2012), mas como a história possui muitos personagens quis dar uma complementada.

Anhangá (significa “espírito errante”) é uma lenda não tão popular por todas regiões Brasil, mas que é muito referenciada pelos jesuítas quando se tinha algo relacionado a contos “demoníacos” e associavam essa palavra ao próprio Diabo em seu processo de catequização. Parte da ideia com o projeto é trabalhar com a reorganização desse lastro preconceituoso e tirar este estigma tão reverberado negativamente.

A ideia principal do argumento é tratar do isolamento de Iwa e sua vontade de querer fazer o bem a todos os animais e por isso protege-los dos caçadores e posteriormente traze-los de volta a vida com a ajuda de Caipora. Existem outros temas mais sensíveis dentro da história como a adoção, o albinismo, relação com a morte, a caça como sustento de alimento, dilema com o ciclo da vida e outros mais que fazem parte da complexidade de cada personagem e instiga o espectador a refletir sobre o certo e o errado.

 

 

 

 

 

 

 

 

Caipora é um ser místico das matas, seu nome significa “Habitante das matas”. Seu sexo muda de acordo com o estado e também é confundido ou similar ao Curupira. Nesta adaptação, Caipora usa uma máscara para ter feições humanas e não possui um sexo definido. Uaiuara também é um ser místico “Habitante das matas”, mas nessa adaptação ele que foi amaldiçoado a se transformar em um porco do mato gigante aliado de Caipora.

Chibamba é uma criatura formada por folhas de bananeira e que dança ritmos de tambores africanos. Em “Anhangá”, eles possuem seu reino com suas regras e ajuda a quem quiser em troca de uma dança que eles julgarão se é digna e alegre o suficiente.

Gorjala faz parte da mesmo ciclo de monstros que Mapinguari ou Arranca-Línguas, que são espécies de ciclopes ou trolls gigantes. Aqui fiz essa adaptação como referência a esse gigante.

Iwa” significa “esquisito” ou “estranho” em Tupi-Guarani.

Ceuci é um nome conhecido como mãe de Jurupari, entidade na mitologia Guarani.

Saiba mais

A ideia principal do projeto “Folclore BR: Uma nova visão” é inspirar e regar a plantinha do pensamento para quem sabe fazer florescer uma vontade de criar alguma obra inspirada na nossa rica cultura.

Todos os argumentos desse projeto são reais e também estão em desenvolvimento para alguma adaptação, mas por enquanto é só o que posso dizer… aguardem por atualizações 😉

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